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Saritzie C.

São Miguel – O destino de 2020

2020 tem sido um ano atípico, certo?! Na minha opinião viajar é a melhor terapia, contudo com estas regras e preocupações, ficámos sem grandes hipóteses de escolha para viagens a não ser o nosso belo país (e que país!). Para quem, como eu, já conhece a maioria do continente e gosta daquele nervosismo antes de apanhar o avião, as ilhas parecem ser uma boa opção.

Tínhamos um casamento no Faial então aproveitámos e juntámos o útil ao agradável – viajar para os Açores. O tempo de férias não era muito, então decidimos pelo menos ver duas ilhas. Como após o Faial (para saberes mais sobre a viagem lê o post “Faial – uma ilha com muito amor”) íamos viajar com um casal amigo, escolhemos entre todos nós a segunda ilha a visitar – a famosa ilha de São Miguel. Uma vez mais as viagens foram tratadas por nós – pesquisas feitas por motores de busca de voos (Skyscanner) e compras dos mesmos pela BudgtAir. O voo partiu do Faial pela SATA em direção a Ponta Delgada (76€ / pessoa) e depois de Ponta Delgada a Lisboa pela mesma companhia (88€ / pessoa). A estadia foi feita pelo Airbnb (arranjámos uma casa muito bem situada em Ponta Delgada, no entanto não tinha garagem, como se tem que alugar carro para conhecer bem a ilha, acabou por ser um ponto negativo). O carro alugámos através da Hertz e ficou mais barato do que noutras Rent-a-car devido a uma promoção que a mesma estava a fazer (154,97€ com franquia para 6 dias, a dividir por 4 pessoas deu cerca de 39€/pessoa).

Dia 1

Chegámos numa terça-feira por volta das 13h30. Fomos buscar o carro e seguimos em direção ao centro comercial para almoçar qualquer coisa. Para quem vem do Faial, ou de qualquer outra ilha mais deserta a nível populacional, nota uma grande diferença – quase parece que estamos no continente, muitas pessoas, trânsito, etc. Após o almoço fomos ver a nossa casinha. Situava-se mesmo no centro de Ponta Delgada, numa rua de sentido único, estreita. Para estacionar o carro tínhamos que o encostar muito bem aos prédios ou descer e estacionar na rua perpendicular.

Como já tínhamos uma parte do dia perdido decidimos visitar lugares perto da cidade, além da própria cidade. Fomos então à Plantação de Ananases dos Açores – existem várias na ilha e até mesmo no fim da estadia fomos conhecer outra. A entrada e a visita é inteiramente gratuita, estando por todo o lado QRCodes com as informações necessárias sobre a história dos ananases. No fim da visita ainda nos ofereceram o prazer de provar o licor e o doce de ananás, espetáculo!


Como a visita foi rápida deu-nos tempo para explorar mais um pouco. Fomos a São Roque, zona costeira, com praia, ermidas, etc. Conhecemos também a zona da Caloura, zona balnear com miradouros (fomos ao miradouro do Pisão) e à volta uns cafés para nos refrescarmos um pouco. A Caloura fica perto de Vila Franca do Campo, onde está o famoso Ilhéu de Vila Franca. Não chegámos a ir ao Ilhéu, com pena nossa, pois neste dia o tempo estava frio. No entanto fomos à Ermida da Nª Srª da Paz, na mesma zona, que tem uma vista magnífica sobre a vila e o mar envolvente. Neste dia jantámos num restaurante em Ponta Delgada que, como todos os que fomos, recomendamos – o “Taberna Açor”! Além de termos sido muito bem atendidos (convém reservar) a comida é boa. Pedimos de entrada duas tábuas diferentes de queijos que traziam cada uma os seus respetivos doces/patés, o pão e o bolo lêvedo (pão característico da ilha). A nível dos pratos principais pedimos os quatro pratos diferentes e recomendamos tudo! Depois do jantar demos uma volta pela cidade a pé.


Dia 2

Alvorada! Acordámos cedinho cheios de ansia em começar a explorar a ilha. Fomos diretos à atração principal – a Lagoa das Sete Cidades. Pelo caminho passámos pelo Hotel Abandonado, o Monte Palace. Este Hotel esteve apenas 19 meses em funcionamento, inaugurado 15 de abril de 1989, e foi à falência após receber um prémio (mais informação neste artigo da NiT: https://www.nit.pt/fora-de-casa/05-12-2016-a-historia-vergonhosa-do-5-estrelas-abandonado-em-sao-miguel e galeria do antes e depois em https://byacores.com/hotel-monte-palace-acores/). O certo é que o hotel está muito bem localizado, com uma vista privilegiada sobre a Lagoa das Sete Cidades, bem no Miradouro da Vista do Rei. Ir lá e ver a Lagoa dá toda uma sensação de medo e mistério, mas que vale muito a pena. Depois de dezenas de fotos tiradas seguimos para vários miradouros ali perto à volta da Lagoa, o Miradouro do Cerrado das Freiras (fica pouco depois do Hotel, em direção à Vila das Sete Cidades, depois deste atravessa-se a vila que é muito bonita) e o Miradouro das Cumeeiras que apresenta uma vista oposta ao Miradouro da Vista do Rei – na minha opinião, como é menos frequentado a vista torna-se até mais interessante.


Voltámos para o litoral e fomos banhar-nos às Piscinas Naturais dos Mosteiros. Aqui a água é muito transparente mas a areia apresenta-se cheias de pedras e calhaus e torna-se desconfortável ir ao banho sem ter umas sandálias adequadas para o efeito. Demos apenas um ou outro mergulho e fomos logo ao lado, à Praia dos Mosteiros. Aqui tínhamos uma areia normal, escura como é típico, mas fininha o suficiente para não torcermos o dedo mindinho do pé. Água, como sempre, à temperatura ideal e praia vigiada. Todas as zonas balneares nos Açores têm sempre nadadores-salvadores, o que saliento ser muito confortável. Esta praia tem no mar quatro grandes rochedos onde, reza a lenda, são o que sobrou da antiga Atlântida. Foram também estes rochedos a origem do nome da zona se chamar os Mosteiros.

Dos Mosteiros seguimos para as Piscinas na Ponta da Ferraria, um pouco ao lado. Aqui descemos umas escadas e vamos dar a um local onde o mar se junta com a água aquecida naturalmente que vem por baixo das rochas, formando a temperatura ideal. O contacto entre a lava e a água do mar originou uma “pseudocratera”, responsável pela existência das termas e das piscinas naturais. Aqui é importante estar a par de como está a maré – se estiver baixa a temperatura da água pode estar muito elevada, ao invés se estiver maré alta vem mais água fria do mar e a turbulência destrói um pouco a calma e tranquilidade de quem visita as piscinas. Nós apanhámos a maré um pouco subida, mas deu para perceber a diferença da temperatura e as ondas que iam surgindo até eram encaradas como uma diversão. Uma vez mais as piscinas eram vigiadas por nadadores-salvadores.



Após uns belos mergulhos resolvemos voltar à estrada, desta vez em direção à Lagoa do Canário. Esta lagoa é vista do Miradouro da Grota do Inferno, onde de um lado temos a Lagoa das Setes Cidades e do outro a Lagoa do Canário. Não chegámos a ir a esse miradouro mas vimo-lo através do Miradouro da Vista do Rei. Descemos então até à Lagoa e o caminho quase parecia um cenário mais colorido de uma das aventuras do Harry Potter na floresta, com árvores enormes e ao redor da lagoa imensos ciprestes e hortênsias.


Já que estávamos na volta das lagoas fomos ver a Lagoa das Empadadas e a Lagoa Rasa, bem como o Miradouro do Pico do Paúl. Fica tudo junto e de onde deixámos o carro até à Lagoa da Empadadas ainda são uns belos 15 a 20 minutos a pé a subir um pouco, mas vale a pena. Tudo muito bem arranjado, como se de uma propriedade privada se tratasse.

Neste dia jantámos num dos restaurantes mais recomendados de Ponta Delgada – A Tasca. Tudo à base de petiscos, mas também com opções de prato. Só com reserva é que se consegue e vale a pena pois o local do restaurante encontra-se na zona histórica da cidade, o atendimento é 5 estrelas e a comida muito saborosa.


Dia 3

Destino de partida – Lagoa do Fogo. Azar o nosso – mau tempo! Uma das lagoas mais lindas e mal a conseguimos ver com o nevoeiro… Não deixou de ser bonita, mesmo com o pouco que vimos, mas ficámos com pena de não a ter observado melhor.

Lagoa do Fogo

Seguimos então para a Caldeira Velha. Em tempo de COVID infelizmente não pudemos tomar banho na água quente, mas deu para observarmos a beleza que a natureza nos presenteia, com locais com água em ebulição vinda do chão a 180ºC. Aqui pagámos 3€ por pessoa.



Fomos diretos para a famosa e mais antiga fábrica de Chá Gorreana. Esta fábrica existe desde 1883 e está a operar no mesmo mote desde então. A entrada é gratuita e vamos vendo a fábrica ao mesmo tempo que os operários estão a trabalhar. Após a visita à fábrica temos a loja/bar e a vista para os enormes campos de cultivo do chá, onde a maioria é chá verde e preto.



Continuámos a nossa viagem em direção à Lagoa do Congro. Para aqui convém levarmos calçado confortável pois temos que descer um pouco até chegar a uma das lagoas mais misteriosas e calmas de São Miguel (não que as outras sejam muito agitadas…). Água serena, com vida marinha, tudo em plena harmonia. Aqui uns de nós foram ao banho.


Lagoa do Congro

Um dos sítios mais conhecidos da ilha é a Ribeira dos Caldeirões, onde fomos a seguir. Parece uma mini aldeia com várias cascatas, imensas hortênsias e moinhos, muito bonito! Entrada também gratuita, é um belo sítio para se merendar pois tem várias mesas ao longo do parque.



O nosso último passo do dia foi ver o Farol do Arnel do Miradouro do Farol e seguir para um dos sítios que eu achei maravilhoso – o Miradouro da Ponta do Sossego. Para não variar, tudo muito bem arranjado, limpo, e maravilhoso!



Após muitas coisas feitas, o cansaço era enorme, fomos então jantar ao malandro do BurgerKing. A única vantagem foi termos conhecido melhor a marina de Ponta Delgada.


Dia 4

Este foi o dia escolhido para ir às famosas furnas. De manhã fomos ao miradouro das furnas e vimos de cima a Lagoa das Furnas e o local onde fazem o famoso cozido.


Lagoa das Furnas

Após esta vista maravilhosa fomos ao Parque Terra Nostra. Aqui pagámos 8€ por pessoa com acesso ilimitado (exceto aos balneários por causa do COVID). Tivemos cerca de 10 minutos no jacuzzi natural e depois aproveitámos bastante tempo na grande piscina castanha principal. Água bem quentinha, por volta dos 39ºC, como o tempo estava fresco e nublado até sabia bem. Não convém visitar as furnas quando está calor senão não se aguenta a temperatura da água. Após o banho na piscina fomos visitar o magnífico jardim botânico que se encontra lá dentro.



Fomos almoçar o famoso cozido das furnas no restaurante “O Miroma”. Não é nada de especial para quem está habituado a comer cozido, até porque tem um ligeiro sabor a enxofre, mas sendo um prato típico não deixámos de o provar – e recomendamos a experiência. Reservar sempre atempadamente.

A seguir ao almoço fomos visitar as caldeiras, onde se coze o milho. Aqui também existem fontes de água potável que, derivado ao ferro e enxofre, tem um ligeiro sabor gaseificado.



Seguimos para a Poça da Dona Beija. Paga-se 6€ por pessoa e vale cada euro! Com várias piscinas de água entre os 28ºC e os 39ºC aqui vive-se uma experiência de spa única. Tivemos a sorte de começar a chover o que ainda a tornou melhor. Para variar, por causa do COVID não pudemos tomar banho após a experiência. Dica: como a fila de espera é grande, se virem uma altura em que não há muita fila convém irem logo lá ou então irem de manhã.



Todos sujos, a cheirar a enxofre e meio laranjas, fomos a um dos restaurantes mais finos da ilha – a “Associação Agrícola dos Açores”. A melhor carne que provei na vida, muito tenra! Pedi o bife de novilho para dois e era divinal! Recomendo, recomendo, recomendo.




Dia 5

Neste dia decidimos explorar um pouco mais a cidade de Ponta Delgada e ir comprar lembranças. Os comerciantes são pessoas super afáveis e em cada esquina encontra-se uma loja. Fomos dar uma “olhadela” ao mercado e aqui comprei uns caules de hortênsias a 0,50€ a um senhor muito querido. A fruta cheira muito bem! Vendem-se muitos ananases, inhame, doces, tudo o que é típico dos Açores.

Visitámos também os famosos Ananases de Santo António (preferi os primeiros que vimos). Aqui comprámos uma cerveja de ananás para experimentar – eh…



Fomos jantar ao restaurante “A Casa do Abel” – muito bom! Bifes também muito tenros. Provei uma cerveja de batata-doce, não adorei mas foi uma agradável experiência.



No dia seguinte partimos muito cedo (apanhámos o voo às 7h30) para Lisboa.

Foi uma viagem muito tranquila, tão tranquila que à chegada a Lisboa sentimos logo uma sensação de stress que não tínhamos sentido à partida.

A viagem aos Açores é muito versátil, é espetacular ir só em casal, com amigos, família, crianças. Tem imensos sítios bonitos e saímos de lá com a sensação de que mais coisas ficaram por ver.

Acaba também por ser um destino seguro para esta altura que atravessamos (o maldito COVID), pois o contacto com outras pessoas não é muito e temos bastante natureza para explorar. Qualquer dúvida sobre o que é necessário para viajar está no site oficial do governo dos Açores e é tudo comparticipado pelo mesmo.


Até breve,

Saritzie

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