Ora, primeira viagem que fiz para outro continente! Escolhi Marrocos pois a cultura deixava-me super curiosa, é completamente diferente da Europeia e tem um lado misterioso. Escolhi-a também com várias referências de pessoas amigas que tinham lá ido. Optei por ir em Setembro e, como foi a primeira vez que ia viajar para outro continente, resolvi ir por uma agência de viagens com tudo incluído. No entanto, como meio de comparação, ia fazendo a minha pesquisa pessoal em paralelo dos preços e acreditem – ficou muito mais barato pela agência, por estranho que pareça! Como mencionado escolhi Setembro pelo tempo, ainda tínhamos calor mas já nada insuportável como os meses de Julho e Agosto. Ficámos num resort 5 estrelas – o Be Live Collection Marrakech Adults Only (mais info aqui: https://www.belivehotels.com/pt/hoteis-marrakech/be-live-collection-marrakech-adults-only/ ).
O Resort ficava fora da zona histórica de Marraquexe (a Medina), onde se situam praticamente todos os outros resorts, e tinha a particularidade de, como o próprio nome indica, não ter crianças. Não que fosse um fator muito incomodativo, mas pelo menos quando nos apetecia descansar junto à piscina a beber uns cocktails, ou à noite no bar e ver espetáculos, não havia confusão nenhuma. Adorámos tudo, é claro que um Resort de 5 estrelas em Marrocos nunca se compara a um em Portugal ou noutras partes do mundo, mas a comida era um espetáculo e as pessoas da parte do restaurante eram muito simpáticas. Haviam várias atividades junto à piscina todos os dias e espetáculos e música ao vivo à noite junto ao bar. O staff tem alguma dificuldade em falar inglês, uma vez que a segunda língua oficial deles é francês, então por vezes era difícil entendermo-nos. O hotel dispunha de um transfere gratuito para a Medina a várias horas do dia.
Medina de Marraquexe – onde a magia acontece
Fomos apenas um dia à Medina – estas férias foram maioritariamente para descansar. Um dia foi suficiente para vermos o principal. Fomos de manhã e regressámos a tempo de jantar no Resort.
A primeira impressão quando se chega à Medina? – OMG, m-e-d-o! É uma cultura completamente diferente da que estamos habituados e as pessoas nativas sentem o mesmo então ficam muito a olhar. As ruas são muito sujas e os cheiros intensos predominam no ar. A Medina é um labirinto onde todas as ruas são muito parecidas e não temos internet para nos orientarmos no Google Maps. Temos que ter cuidado pois é uma civilização pobre que quando vê turistas veem também oportunidades de ganhar um pouco mais de dinheiro. Antes de irmos descarregámos o mapa offline no Resort e assim tornou-se um pouco mais fácil orientarmo-nos. Tínhamos já uma ideia dos sítios onde queríamos ir e por onde começar. Primeiro que tudo, mal chegámos à Medina fomos levantar dinheiro. Nem todos os sítios têm multibanco para realizarmos os pagamentos. Tínhamos connosco o cartão Revolut (mais info aqui: https://www.revolut.com/pt-PT) que permite fazer levantamentos em outras moedas sem pagar as taxas de câmbio.
De seguida fomos ao Palácio el Badi, um palácio construído em 1578 por um sultão, onde agora só predominam as ruinas. Este palácio foi construído após os marroquinos terem vencido a batalha de Alcácer-Quibir contra os portugueses. Antes de chegarmos ao palácio, que tem uma entrada meio escondida, uma pessoa tentou-nos dissuadir de ir, ao dizer que o palácio encontrava-se fechado (algo que tínhamos confirmado antes de sair então resistimos ao que nos disse). Não ligámos ao senhor e efetivamente estava aberto – este tipo de situações acontece com alguma frequência, fazem-no para que as pessoas vão com eles para sítios confusos da Medina e, ao ficarem perdidos, pedem dinheiro para os tirarem dali. O palácio está em ruinas mas consegue-se perceber a imponência do mesmo. Enorme, tem ainda vestígios dos típicos azulejos marroquinos. Um ponto histórico a visitar.
Seguimos, sempre fieis ao nosso plano, e fomos beber um sumo natural a um café com a vista sobre a famosa Praça Jemaa el-Fna – aqui vende-se tudo e regateia-se tudo.
Depois de nos refrescarmos fomos então ao Palácio da Bahia – o mais bonito que lá vi. Tem tudo bem arranjado com os azulejos tão lindos e as portas todas ornamentadas. Um sítio muito giro para se tirar fotografias, no entanto tem muita gente a frequentá-lo.
Fomos almoçar a um restaurante também com uma vista enorme sobre a famosa praça, o restaurante L’Adresse. Aqui não pedimos pratos nenhuns típicos, já que os provávamos no Resort com mais segurança, pedimos sim uns hambúrgueres.
Passámos bem perto da famosa mesquita Koutoubia (aqui é proibido aos não muçulmanos a entrada) e seguimos em direção aos Jardins de Menara. Ainda são mais ou menos uns quantos quilómetros a pé. Pelo caminho dá perfeitamente para perceber a anarquia que existe nas estradas – não respeitam passadeiras, prioridades ou cruzamentos, mas não há acidentes! Para se atravessar a passadeira é simplesmente seguir em frente sem medos, eles não param, mas desviam-se. Pelo caminho passámos num centro comercial (nada a ver com o estilo da Medina, já que era fora da mesma). Entrámos não só porque estava mais fresco como também vimos uma zona de artesanato. Aqui foi onde maioritariamente comprámos os nossos presentes (e conseguimos regatear na mesma!).
Preferimos comprar aqui pois não havia a mesma confusão que havia na praça, era mais seguro, deu para regatear e os preços eram bastante acessíveis. Seguimos então ao jardim. Após andarmos muito tempo ao sol, calor, tivemos uma grande desilusão – não passava de um grande lago artificial com uma casa no fim, nada do que o Google mostra nas imagens…
Regressámos à Medina, desiludidos e cansados, e fomos ver os Túmulos Saadinos. Um sítio também histórico e com o estilo típico da cidade. É um mausoléu coletivo em Marraquexe onde estão sepultados cerca de 60 membros da dinastia saadiana, que reinou em Marrocos nos séculos XVI e XVII.
Já cansados da tal caminhada que tínhamos feito fomos novamente a um café perto dos túmulos, chamava-se Zeitoun Café.
Seguimos pela Medina toda e vimos do exterior muitos monumentos, casas importantes e o jardim principal em frente à mesquita. Pelas 18h apanhámos o transfere de volta ao Resort.
Ficámos com pena de não voltar à noite, pois dizem que à noite a Praça é algo de mágico! Ficámos também arrependidos de não termos ido visitar o Jardim Majorelle, mas o cansaço daquela caminhada foi tal que, como o mesmo se encontrava na outra ponta da Medina (e nós não confiávamos em transportes públicos) acabámos por não ir. De resto os pontos mais importantes veem-se muito bem num dia apenas!
Há quem queira ir também para o deserto, e os resorts têm excursões para tal, mas a maioria envolvia passeios com camelos e em defesa dos animais sou contra e não fomos.
Outra experiência boa para quem é aventureiro são as estadias em Riads, mesmo dentro da Medina. Nós preferimos ter uma viagem calma, com algumas partes históricas porque só calma eu não aguento, então optámos pela estadia mais confortável e mais luxuosa. No entanto, quem conheço que ficou em Riads adorou! Recomendo só o cuidado com a população fora dos mesmos, ter sempre atenção e desconfiar. Quando nos querem vender algo mostrar um interesse mais tardio ao invés de dizer logo que não e levar um mapa ou descarregar o mesmo para ser usado offline e seguir pelos caminhos traçados.
Em relação à comida, dentro dos estabelecimentos as pessoas são de confiança. Procurar sempre restaurantes com recomendações na internet e provar as suas famosas tangines, os cuscus, entre outros.
É uma cultura diferente sim, mas com uma história muito rica e que vale a pena conhecer.
Até breve!
Saritzie
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